A região de Lisboa amanheceu esta segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025, envolta num mau cheiro característico, descrito como “acre e de azeitonas”. Este fenómeno, que tem incomodado os residentes, é atribuído às fábricas de processamento de bagaço de azeitona localizadas no Alentejo. Segundo a investigadora Sofia Teixeira, do Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade da Universidade Nova, as condições meteorológicas específicas, como ventos do sudeste e inversão térmica, contribuíram para a propagação do odor até Lisboa.
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) confirmou que a fraca dispersão atmosférica e os ventos fracos do quadrante sudeste resultaram em concentrações elevadas de compostos odoríferos na área da Grande Lisboa. Embora o cheiro seja incómodo, a APA assegura que não há riscos para a saúde pública, pois não foram detectados poluentes nocivos nos níveis medidos.
Este não é um evento isolado; um episódio semelhante ocorreu há cerca de um ano. A repetição do problema levanta questões sobre a necessidade de regulamentação específica para a emissão de odores em Portugal, algo que ainda não existe, ao contrário de outros países europeus. Sofia Teixeira defende a criação de normativas que possam orientar tanto as indústrias como os cidadãos sobre como lidar com este tipo de poluição atmosférica.
A previsão meteorológica indica que o mau cheiro poderá persistir até terça-feira às 11h00, altura em que a chuva prevista ajudará a dissipar os compostos no ar. A investigadora sublinha a importância de estudar os impactos destes odores na saúde das populações que vivem perto das fontes emissoras, embora considere que o impacto na região de Lisboa e Vale do Tejo seja mais reduzido.
Em suma, enquanto a situação atual é temporária, a falta de legislação específica sobre odores em Portugal continua a ser uma preocupação. A adoção de medidas preventivas e a criação de normativas específicas poderiam ajudar a minimizar futuros episódios de mau cheiro e melhorar a qualidade de vida das populações afetadas.
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