O conceito de desdolarização tem ganhado destaque nas discussões globais, especialmente entre os países membros do BRICS. Recentemente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor tarifas de 100% aos membros do BRICS que considerem alternativas ao dólar americano, uma medida que visa proteger a supremacia da moeda norte-americana. No entanto, essa postura agressiva pode estar a acelerar o movimento que pretende combater.
A Indonésia, que se juntou ao BRICS em 6 de janeiro, declarou não ter interesse em substituir o dólar como moeda principal para o comércio internacional. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Rolliansyah “Roy” Soemirat, afirmou que a adesão da Indonésia ao BRICS não está ligada à questão da desdolarização. Esta posição reflete a cautela de alguns países em relação à substituição do dólar, apesar das pressões internas no bloco para explorar alternativas.
O BRICS, composto por economias emergentes como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, está a considerar a criação de uma moeda comum que poderia desafiar a hegemonia do dólar no comércio global. A China, em particular, tem liderado esforços para acelerar o processo de desdolarização, desenvolvendo sistemas financeiros alternativos ao longo da última década. A criação de uma moeda comum ou a adoção de uma alternativa ao dólar simboliza a determinação coletiva do bloco em construir um sistema financeiro menos dependente dos Estados Unidos.
A abordagem de Trump, ao ameaçar com sanções e tarifas, pode paradoxalmente estar a incentivar os países do BRICS a prosseguir com a desdolarização. Ao utilizar o dólar como ferramenta geopolítica, Trump arrisca minar a confiança na moeda, não apenas entre adversários, mas também entre aliados. Um sistema financeiro multipolar poderia reduzir a vulnerabilidade dos países do BRICS às pressões económicas dos EUA, permitindo-lhes maior liberdade para perseguir objetivos estratégicos em escalas regionais e globais.
Em conclusão, enquanto a desdolarização representa um desafio significativo ao domínio do dólar, a resposta agressiva dos Estados Unidos pode estar a catalisar as mudanças que procura evitar. O futuro do dólar como moeda dominante dependerá, em grande parte, da confiança global, que pode ser comprometida por políticas que alienam parceiros comerciais e aliados.
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